​Carolina Ferrer

Carolina Ferrer cresceu em Ipanema, reduto de artistas e intelectuais até final dos anos 70. 

 

Estudou dança, passando por conservatórios e chegando quase a engrenar uma carreira profissional.

No entanto, era a musica o seu assunto preferido, desde os tempos de menina, quando acompanhava seus pais a shows e serestas, até a descoberta da vida noturna do bairro, quando circulava pelo Mistura Fina (que era na Garcia D'Avila) ou pelo Cabeça Feita (então na Barão da Torre). Dizem alguns amigos que ela ja era uma enciclopédia musical de musica brasileira, mas a artista se diz ouvinte principalmente do pop inglês, de Pixinguinha e de Dilermano Reis na época.

Nos anos de universitaria, descobriu as rodas de samba de Santa Teresa e do Rio Cumprido. O samba então passa a ser sua trilha mais ouvida e mais cantada - até ali somente em seu quarto, junto com a prima que estudava violão.

 

Após trabalhar como caixa em hotéis, professora, tradutora, secretária e assistente de direção (para ninguém menos que Luis Carlos Barreto), se mudou para Paris para uma formação de roteirista. Foi trabalhar em bares, paralelamente aos estudos, passando pelo  Blue Note, bar famoso pela bela programação musical. Uma noite, um musico a ouviu cantarolar cortando limão e a convidou para uma canja. Caro (leia-se Ca Rô), como é conhecida em Paris, escolheu "Por causa de você", de Jorge Ben e trocou o balcao pelos palcos, definitivamente, em 2006. No repertório: Lupiscinio Rodrigues, Ary Barroso, Ataulfo Alves, Zé da Zilda, Cartola, Noel, Caetano, Gil, Djavan e as baladas de Marina, Zeca Baleiro, Adriana Calcanhoto. Numa outra ponta, ainda, Lenine, Chico César e Carlinhos Brown.

 

A partir de 2007 começa a estudar canto e a compor. Produz seu primeiro CD, "Jasmim no Ar", onde reuniu suas primeiras composiçoes. Seu talento de compositora e letrista foi rapidamente descoberto por grandes nomes da musica brasileira na Europa, como Marcio Faraco, Jorginho Amorim, Acelino de Paula e Lameck. O disco abriu o festival Jazz in Ajaccio em 2009 e seu trabalho ganhou visibilidade dentro da world music local. 

 

Em 2011 produz e lança seu segundo disco, "Samba pelo avesso", inteiramente autoral, com arranjos de Jorge Amorim, e se apresenta em outras cidades da França (Montpellier, Grenoble, Sète, Lyon, Roanne) e no Rio de Janeiro. 

 

Em 2014, "Desarmada" chega para nos revelar sua veia pop jazz. Produzido entre Rio e Paris durante todo o ano de 2013, com arranjos de Geovanni Andrade e de Vinicius Rosa, o disco é considerado pela artista seu "melhor trabalho". A chegada de elementos eletrônicos e de um tom mais grave na voz e na sonoridade anunciam uma fase mais densa na carreira da carioca. O album inscreve a artista nas paginas da musica popular brasileira como uma de suas mais marcantes letristas ; "concernée et rêveuse à la fois, mais aussi une interprète singulière" (Rémy KK), 'soucieuse et toujours très élegante" (Stéphane De Languenagen), "poetèsse" (Radio Clube do Brasil).